Fui então pensar no significado destas dores:os ombros arcados cujo peso demasiado vinha sendo carregado sobre eles desde há muito tempo...era o peso da falta de meus pais
Meus braços fragilizados, descrentes de poder alcançar aquilo que desejo - meus pais, a minha infância, onde desde então a falta deles foi tão sentida...
Minha coluna sofrendo dores devido aos desgastes consequentes do peso excessivo imposto sobre meus ombros...
Minhas pernas doídas impedidas de caminhar com liberdade a minha vida, pois estão atadas a um passado que não volta mais...
Meu cérebro cansado, impedido de recordar fatos alegres, pois para chegar até eles tenho que atravessar a barreira das lembranças das perdas dolorosas...
Fui vítima (???)...não tive, não pude dar,desconhecia o que fazer frente a falta sentida. Optei pelo caminho do silêncio, do não saber. Esqueci que o não saber já é um saber.
A dor...ela é o grito de VIDA ainda presente, diz que alguma coisa não vai bem...e eu não sei o que fazer, estou engessada nessa dor...me sinto só, pois me fechei em mim mesma.
Desejo seu colo mamãe, desejo seu colo papai...mas já não os tenho mais...sofro a dor da morte...lembro-me de parte de uma frase:"é um estar morto sem poder morrer.."
Mas de repente surge uma LUZ que, vinda do mais profundo de meu ser me transcende, revigora minhas forças e a VIDA flui novamente em mim!
Sim, tenho dores, mas agora vi que a VIDA é possível, a alegria é possível e por ela a gana de viver.
Não há meio de arrancar uma raiz podre senão removendo a terra que a cerca. E para isto ela tem que ser vista.
Da mesma forma,agora sei que para restaurar meu equilíbrio,minha saúde,minha VIDA, preciso ver aquilo que me causou (a) dor.
Assim serei feliz
E EU EXISTO PARA SER FELIZ!
Anacris Aquino
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