sábado, 22 de dezembro de 2012

ABUSO SEXUAL DE CRIANÇAS




O que é “abuso sexual de crianças”?
O abuso é caracterizado quando o adolescente ou o adulto faz uso da criança para sua própria gratificação sexual. Pode ser pela coação, pela violência, pelo abuso de confiança que a criança investiu no adulto.
Geralmente o abuso ocorre dentro de casa, incestuoso, onde a criança vive, com aqueles em quem ela confia. O abusador geralmente é uma pessoa da família, como irmão, pai, mãe, babá ou algum amigo íntimo da família.
Geralmente o abusador foi abusado, ele tem uma história da qual não conseguiu se libertar e ela se encontra tão presente dentro dele, que o aprisiona a um modo de ser e repetir sua própria história dolorosa em algum momento de sua vida.

Como se transforma num abusador?
1- sofre o abuso
2- marcas profundas são geradas + solidão devido à vergonha e culpa que se sente
3- uma elaboração imatura (tipo "eu sou culpada/o pois eu o/a atraí") e inconsistente + confusão - "ele/a me forçou..."
4- esquecimento devido a dor profunda
5- o tratamento psicológico não é buscado por algum motivo, seja pela ignorância, seja pelo orgulho
6- há flashes do trauma no decorrer da vida
7- e posterior reprodução do abuso no outro, seja pela necessidade de carinho, de sentir-se dominante, pois ele/a sempre foi dominado

A criança faz parte de uma família dentro da qual espera ser amada, respeitada, cuidada. Sua casa, seu lar é seu lugar de repouso, de possibilidades boas, de saúde e equilíbrio. De repente, encontra-se numa situação em que seu parente ou amigo de seu parente a envolve, a recruta sexualmente, o que pode ser através de carinho, palavras doces, ameaças, imposições, violência.
Quanto menor a criança, mais profunda a marca que recebe pelas machucaduras da vida. Quando o adulto a recruta para seu prazer pessoal, a criança fica sem saber o que fazer, a confusão instaura-se em sua cabeça, de forma que ela sente-se culpada, envergonhada. Numa situação de coragem ou na confiança em outro adulto, ela pede ajuda a ele, conta-lhe a situação em que vive, mas este adulto a tem como fantasiosa, até mentirosa e esta criança se retrai. Ela já não pode confiar nem naquele que a devia proteger e a está abusando, nem em outro adulto que, como o abusador, a trai quando não a escuta, não a credibiliza.
A confusão se instaura na cabeça da criança: estará fantasiando? Ela está sendo culpada por estar chamando atenção de seu progenitor/progenitora? ela é uma criança má, pois do contrário não angariaria atenções indevidas. Conflitos de amor pelo progenitor e ódio por suas atitudes se instauram dentro de seu ser e ela fica refém de si mesma. A impotência de não conseguir se fazer escutar e parar o comportamento adulto gera frustração, que gera raiva, que gera revolta, culpa.
Tal conflito, tal culpa é tão massacrante que ele vaza de dentro da criança, em seu comportamento, em sua saúde, em seu aprendizado, enfim, em sua vida.
Na escola, pode ser o agressivo, que fala palavrões, que responde aos professores, que enfrenta e maltrata colegas num pedido de ajuda; ou pode começar apresentar dificuldades no aprendizado, ou ausências em meio às aulas, buscando, pensando elaborando planos para fazer parar o abuso; pode ser o 1º a chegar na escola e o último a sair, pois sente-se mais seguro na escola que em seu próprio lar.
Também pode acontecer da criança reproduzir o comportamento abusivo com outras crianças menores que ela; mostrar entendimento de assuntos sexuais não próprios à sua idade.
Ainda que passe toda fase de isolamento, dor, solidão, desamparo, sua autoimagem está deformada, não se acreditando possível, capaz; não conhece mais nem sua orientação sexual. Daí também a possibilidade de se tornar um homossexual, um pedófilo.
Quando o adulto não tratado vai constituir uma família, frequentemente escolhe parceiro que repita sua história de abuso incestuoso, num saber inconsciente.
Por ex. a mulher que foi abusada possui traumas profundos, os quais a levam a um desinteresse sexual, aumentando os problemas em seu relacionamento conjugal. Seu companheiro já um tanto parecido com seu pai, é deixado à mercê (sexualmente falando). Após o nascimento do 1º filho, ainda mais se for do sexo feminino, a mulher os aproxima e se põe mais de lado, responsabilizando seu trabalho, suas obrigações domésticas por esta distancia. Quando há o nascimento do 2º filho, o marido está numa situação ainda mais perigosa, donde, num excesso de bebida, pode se soltar e partir prá cima da filha, colocando-a no lugar de sua esposa.
Há possibilidades de tratamento para o abusador?
Sim, o abusador geralmente é alguém que já foi abusado. O tratamento constitui de cuidados psicológicos e psiquiátricos.
Há possibilidades de tratamento para a criança abusada?
Sim, sem dúvidas. Quando há desconfiança acerca da criança estar sofrendo abuso sexual, é preciso buscar um profissional competente que investigue através de questionamentos à família, à criança, através de testes projetivos e outros, o que está de fato ocorrendo, se há abuso realmente.


                                                                                                                               Ana Cristina Aquino
     

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