sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Crianças francesas X Déficit de Atenção (TDAH)

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     Interessantíssimo como a diferença cultural influi na forma de ver um mesmo fato sob prisma diferente: sabe que o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), transtorno tido como biológico-neurológico e tratado via medicamentosa em crianças em idade escolar nos EUA, na França os psiquiatras infantis buscam a raiz do problema investigando qual/quais possibilidades que estão a causar o sofrimento infantil levando ao desenvolvimento deste sintoma; investigam o contexto social em que a criança está inserida (não significa descartar a investigação do cérebro da criança) e optam pelo tratamento com terapia ou aconselhamento familiar. 
Na França, menos de 0,5% das crianças em idade escolar são medicadas, para 9% nos EUA. Isto ocorre pelo fato dos EUA verem o TDAH como disfunção química cerebral infantil, um distúrbio biológico segundo o  DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) com causas biológicas, tratado com estimulantes psíquicos, como Ritalina e Adderall.
Já a França vê o TDAH como um sintoma, uma resposta infantil àquilo que está a causar sofrimento na criança, então a necessidade de investigar o contexto Família e trata-la. 
A Federação de Psiquiatria desenvolveu um sistema de classificação das doenças mentais, a CFTMEA (Classification Française des Troubles Mentaux de L'Enfant et L'Adolescent), em que foca a identificação e tratamento das causas dos sintomas infantis. Inclusive no que tange à alimentação com corantes, conservantes e/ou alérgenos, os psiquiatras franceses e os pais de crianças portadoras desse transtorno estão conscientes da atuação destes alimentos no agravamento dos sintomas.
Um outro dado importantíssimo é que as crianças francesas são geralmente mais comportadas que as americanas,devido à filosofia de educação, de disciplina. Desde seu nascimento, os pais franceses dão uma boa dose de limites aos filhos: a hierarquia familiar é clara e firme, aprendem aguardar os momentos das refeições sem tomar lanches ou salgados a hora que quiserem; são incentivados a desenvolver suas capacidades, no entanto podem e devem escutar "Não" e levar palmadas, desde que seja de forma criteriosa.
Quando a criança possui limites bem estabelecidos, visão clara da hierarquia na Família, firmeza em seu desenvolvimento, tudo isso leva a criança a desenvolver auto-controle, de modo que não precisem de medicamentos para controla-las.
É importante cada um de nós saber destas experiência relevantes e questionarmos o que queremos construir, pois a formação que damos aos nossos filhos falam de sua construção segura e resistente ou frágil e sem vida.

Anacris Aquino


Marilyn Wedge, em Psichology Today Tradução: Equilibrando

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